sexta-feira, 30 de março de 2012

nuvem negra


Não adianta
Me ver sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilhada
Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou


Hoje, a tarde tem cheiro doce. Tem mesmo, não quero ser poética. Matei aula sem dor alguma para dedicar minha tarde (Quem sabe a noite, também? Por que não?) a algumas coisas que eu gosto: dediquei à bolacha recheada de chocolate, ao Chico, à leitura que agrada, enriquece e excita, dediquei ao colchão da nhaca. E agora, dedico ao enorme prazer de rascunhar. Sim, porque tenho quase certeza que ao dar por finalizado esse escrito, vou salvar no computador como mais um rascunho, mas não perdido. 

À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei
Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo

Tenho chorado tanto, mas um choro bom. Nada bruto, nada que produza marcas intensas embaixo dos olhos. Algo bem mais sensível, até com uma certa beleza. Tenho essa estranha mania de achar a tristeza linda, linda de verdade, com uma pureza que encanta os olhos de quem vê. Choro com o Vinícius, com a Marisa, com a Rita, com a Elis, tenho chorado até com canção de roda. É...
...mas continuo achando a tristeza linda. A minha, sim. 

Passa a nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer
Mais ninguém

Outro dia, aquela chuva torrencial resolveu me pegar enquanto andava na rua. Imediatamente procurei um toldo e embaixo dele fiquei. O toldo era de uma loja de trecos. Aqueles montes de utensílios que todo mundo um dia vai precisar - seja pro chuveiro, pra torneira, pro fogão, até artesanato da esposa o dono da loja vendia - cabiam dentro daquele pequeno metro quadrado. Não passaram dois minutos e eu já estava ensopada dos pés a cabeça, quando o velhinho me convidou a entrar na loja para me proteger. A chuva passou, a chuva voltou, conheci o filho, o cachorro, - que ali também morava - conheci sua história e ele conheceu a minha. Depois de uma hora deixei a loja e ainda peguei um pouco de chuva, mas nem liguei. Estava feliz de verdade. Esses encontros acontecem e enchem a gente de esperança, sei lá! Não sei como nomear, mas foi delicioso. E chorei. Incansavelmente. Agora não lembro o nome do velhinho, nem do filho, nem do cachorro, mas morro de saudade deles. Vou esperar por outra chuva no centro...

domingo, 25 de março de 2012

fala pra ele...






Não era de se pensar. Não precisava, já não cabiam pensamentos naquela cabecinha. A mesma mente que gritava o quão vão seria aquilo, era aquela que, silenciosamente, dava razão a todo um sentimento que diariamente crescia dentro de seu corpo, mas era anônimo. Porque os sentimentos são assim mesmo, sem nome, sem medida, simplesmente são. E são às vezes, são em pequenos momentos, em atitudes, em toques, telefonemas e batidas aceleradas no peito. Desgraça de mania que temos de nomeá-los! Amei, sim, amei demais, amei um mundo de possibilidades que acreditei até o fim. Mas pouco sei sobre os sentimentos, os meus ainda me surpreendem. Já imagino seu rosto sonolento, lembrando da minha estúpida e incansável mania de falar, falar, falar e não chegar a lugar nenhum! Eu sei, também sinto náuseas de tanto girar e de me explicar sem respirar, como se o coração estivesse na boca, pronto pra explodir, sabe? Na verdade, existe um turbilhão de emoções aqui dentro e estas (quase) nunca são verbalizadas, mas discorrem bastante mundo afora...exteriorizadas em poesia, música, beijos e abraços prolongados...em ti.



''Fala pra ele
Que ele é um sonho bom
Que mudou o tom
Da tua vida...''




Foi impossível pensar em um título que se enquadre; acho que por você ser exatamente assim, sem formas, sem padrão, sem saber-porque, apenas é. E se não quer ser, também não é. Entendeu? É você! Esse texto já perdeu o sentido na segunda linha, talvez pela minha ingenuidade de no fim encontrar uma resposta que me tranquilize. Mas não tem jeito. Se existe algo que não é tranquilo, é esse 'algo' (sem aspas, por favor) entre nós. 


E que continue assim...equilibrando-se em furacões - porque eu não quero parar de girar - e chão com teto estrelado, pra colocar tudo no seu devido lugar.
















dedicado a um quebra-cabeça pensante (e inconstante)