terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pano de confetes.

A gente sabe que esvaziou quando, quanto mais respiramos, menos conseguimos sentir. E não é por falta de querer mas, como dizia um carequinha muito do sabido, 'por limitação humana'.
Nada.
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Vazio e oco cabem em uma mesma oração? 
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Ele sonhou que algo estava errado e, sonhando acordada do outro lado, ela também sabia que algo não se encaixava. Mas seguiam em frente como se a verdade fosse incapaz de saltar aos olhos. Nada era forte o suficiente para tirar-lhe o sono. 
Nada.
Até essa noite.
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Fugir nunca soou tão excitantemente.

sábado, 10 de setembro de 2011

do lado de dentro.




'Quando eu falava dessas cores mórbidas
Mas eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou.'


Muitas noites no quarto de dormir, sozinha, acompanhada de homens e mulheres sórdidos, pensando em como poderia ser diferente. Porque, na verdade, a gente sempre quer que seja diferente. Buscamos - sempre escondendo de nós mesmos - espontaneamente por algo que mude nossas vidas; adicionamos roupas, adornos, pessoas e outras vulgaridades para enganar a solidão. Ou a solitude?

Amiúde, esses motores e pessoas agudas que passam sob a janela me tiram o sossego, mas pouco do sono. O olhar desta é intrigante, enganador, e(x)trangeiro, exposistor. Além do que se vê. Quantas pessoas passam sob a janela e olham para a mesma ? Quantas não gostariam de saber quem habita o outro lado dela? Quantas não vêem a luz acesa atrás da janela e questionam-se sobre aquele momento? Quantas já não quiseram saltá-la? Quantas decisões foram tomadas naquele parapeito sob o luar e quantas foram concretizadas ao nascer do sol? Quantas e quais ainda serão? Quem ainda se debruçará? Quais serão as suas angústias e temores ?


Esta noite, graças à janela lateral, consigo valorizar meus instantes de solitude e agradecê-los por conseguir enxergar-me com outras lentes - um pouco sujas ainda, verdade que não escondo - lentes de dentro da janela.