'Quando eu falava dessas cores mórbidas
Mas eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou.'
Muitas noites no quarto de dormir, sozinha, acompanhada de homens e mulheres sórdidos, pensando em como poderia ser diferente. Porque, na verdade, a gente sempre quer que seja diferente. Buscamos - sempre escondendo de nós mesmos - espontaneamente por algo que mude nossas vidas; adicionamos roupas, adornos, pessoas e outras vulgaridades para enganar a solidão. Ou a solitude?
Amiúde, esses motores e pessoas agudas que passam sob a janela me tiram o sossego, mas pouco do sono. O olhar desta é intrigante, enganador, e(x)trangeiro, exposistor. Além do que se vê. Quantas pessoas passam sob a janela e olham para a mesma ? Quantas não gostariam de saber quem habita o outro lado dela? Quantas não vêem a luz acesa atrás da janela e questionam-se sobre aquele momento? Quantas já não quiseram saltá-la? Quantas decisões foram tomadas naquele parapeito sob o luar e quantas foram concretizadas ao nascer do sol? Quantas e quais ainda serão? Quem ainda se debruçará? Quais serão as suas angústias e temores ?
Esta noite, graças à janela lateral, consigo valorizar meus instantes de solitude e agradecê-los por conseguir enxergar-me com outras lentes - um pouco sujas ainda, verdade que não escondo - lentes de dentro da janela.
muitíssimo bom!
ResponderExcluircurti demais a escolha das palavras!
:)
Obrigada, querida!
ResponderExcluirPoxa, acho que esse é o mais bonito!
ResponderExcluir