domingo, 30 de dezembro de 2012

Andava tanto pelos beiradas,
pulava tanto de galho e galho
e desacreditava em si
que um dia
o conto acabou.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

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"O sistema é muito racional do ponto de vista de seus donos estrangeiros e de nossa burguesia de intermediários, que vendeu a alma ao Diabo por um preço que teria envergonhado Fausto. Mas o sistema é tão irracional para com todos os demais que, quanto mais se desenvolve, mais se tornam agudos seus desequilíbrios e tensões, suas fortes contradições. Até a industrialização dependente e tardia, que comodamente coexiste com o latifúndio e as estruturas da desigualdade, contribui para semear o desemprego ao invés de tentar resolvê-lo; estende-se a pobreza e concentra-se a riqueza, que conta com imensas legiões de braços cruzados, que se multiplicam sem descanso. Novas fábricas se instalam nos pólos privilegiados de desenvolvimento - São Paulo, Buenos Aires, a Cidade do México -, porém reduz-se cada vez mais o número da mão-de-obra exigido. O sistema não previu essa pequena chateação: o que sobra é gente. E gente se reproduz. Faz-se o amor com entusiasmo e sem preocupações. Cada vez mais, fica gente à beira do caminho, sem trabalho no campo, onde o latifúndio reina com suas gigantescas terras ociosas, e sem trabalho na cidade, onde reinam as máquinas: o sistema vomita homens. As missões norte-americanas esterilizam maciçamente mulheres e semeiam pílulas, diafragmas, DIUs, preservativos e almanaques marcados, mas colhem crianças; obstinadamente, as crianças latino-americanas continuam nascendo, reivindicando seu direito natural de obter um lugar ao sol, nestas terras esplêndidas, que poderiam dar a todos o que a quase todos negam."
[As veias abertas da America Latina - Eduardo Galeano]



Poetizar uma história de infinitas dores.

sábado, 8 de dezembro de 2012

quando o silêncio fala mais alto
é hora de repensar certas coisas.


de lembrar porque entrou nessa
mesmo sabendo que deveria sair.

sábado, 1 de dezembro de 2012

gosto muito de você, leãozinho.

Olha, eu não posso te dizer que vai passar rápido,
nem que um dia vai parar de doer.
Se for.
Posso dizer que, faz tempo, ando sofrendo com você.
Dói em mim também.
Não a mesma dor, mas com o mesmo sentido. Entende?
Sei que entende.
Escuta, eu ainda não posso te dizer que vai passar rápido.
Mas, você percebe que não está lá tudo tão mal?
Posso dizer que está tudo bem em não estar bem.
Em não sentir-se bem, mesmo querendo.

Se liga, não vai passar logo. Aceita uma breja?
"Não é preciso ser assim assado."




Te quiero, cumpa!