domingo, 28 de outubro de 2012

àquele que precisava

Precisava aguar as lavandas, as avencas e as hortaliças. Precisava tocar violão no sol, no chão, em todos os cantos da casa. Precisava tirar o cochilo de 20 minutos depois do almoço. E acordar assustado com um toque. Precisava arrumar a cortina, o quarto, o tapete. Precisava ler livros. Escrever mais. Não precisava precisar de coisas - como nós. Não precisava de vento na cara, mas talvez precisasse de vento nas pernas. Precisava correr, precisava tomar banho de cachoeira. Pensava que precisava fumar. Acho que precisava. Precisava preparar as aulas e descansar com cerveja. Talvez precisasse dela. Talvez não. Talvez quisesse, apenas. Precisava alimentar as aranhas. Precisava estar dentro de alguém. Aliviar. Descarregar. Entregar-se. Apertar. Queria sentar no banco de madeira e viver de música. Viver de cheiro de natureza. De essência e inflorescência. Queria mostrar que não era bem assim...Decidiu que não precisava mais de roupas. Acordou e não arrumou a cama. Não precisava de mais nada. Fugiu p'ro meio do ar...








...e todo mundo julgava conhecê-lo.