quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O ponto de ônibus...


O ponto de ônibus - mas não só ele - era o seu abrigo. Abaixo dele depositava todas as suas esperanças de um novo dia ou uma nova tarde que viria. Nunca a noite. A noite era dura consigo e com a sua guria. A noite era infiel, insegura, ingrata. Usava como escudo sua pequena cria, coberta de meios trapos, meias roupas que mais cedo ou mais tarde cederiam à chuva. A mãe tinha aquele olhar que reconhecemos de longe quando as coisas não vão bem. Pessoas de pouca sorte. Uma perguntava-se o porquê de estar neste mundo vivendo essa vida, a outra não sabia seu papel nesse lugar - não ainda. E mesmo tão vivas, tão cheias de ar, de carne, de pele, mesmo com tanta cor, as pessoas que passavam por elas, apenas passavam. Eram translúcidas, as duas. Transpassavam pelos olhos nus e vestidos de lunetas também. Concomitantemente, ambas exalavam uma esperança, uma vontade de vencer, algo que nós - os opacos - esquecemos de sentir. A vida é tão fácil, afinal...







Era só um ponto de ônibus. Era um lar, um abrigo, um refúgio. Poderia ser um coqueiro, uma palafita, um casebre qualquer, mas era o ponto de ônibus. Poderia ser eu ou você debaixo dele. Mas por algum motivo que eu não compreendo bem, por alguma razão que vai além da minha capacidade de raciocínio, era Fabiana e sua filha, Mirian. 

Um comentário:

  1. Quero textos novos! Está demorando muito, se inspire logo! caramba...hauahauhauauhaau

    Beijo Cabeça

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