segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ei, lobo da estepe...


''lobo da estepe, acredito na tua dor.''

Era um dos olhares mais fortes que os olhos já alcançaram.Ninguém entendia muito bem o que se passava em meio a tanta conversa, lenha, músicas e fogueira. Mas era algo forte, definitivamente. Sentíamos medo do próximo instante, do porvir. A prisão, as pedras preciosas, a morte, o crime, a penitência, a culpa e a vida a qual agora era obrigado a submeter-se. Não! Ele era forte demais para submeter-se a algo. E se estava lá, era porque havia apostado grande parte das fichas nesse jogo. Mas não todas. Não! Não era imprudente.
Era como o Lobo-Harry. Forte demais para lutar, fraco o suficiente para cair.
Todos ao redor o lembravam constantemente de sua essência selvagem de lobo, ao mesmo tempo em que ele deveria lutar por uma terra dos homens. Homem que ele não era, diziam, lembravam-o. A vida não era menos difícil só porque sabia sobre mineração e pesca como ninguém sabia. Sabia também sobre a morte, isso sabia muito bem. Ninguém consegue esquecer a face da morte quando encontra-se tão perto dela. Ele ainda não esquecia, podia ver no reflexo de sua íris seu ódio e sua saudade melancólica.
Se arrependimento matasse(...)não saberia dizer o que faria, pois arrependimento não era um sentimento possível para os homens de pele vermelha. Arrependimento é coisa de homem branco e fraco - não era para ele. Nem para lobos das estepes.
Gostaria de lembrar as palavras que atravessaram meu corpo e espírito. Das palavras que borbulharam durante uma noite de pouca lua. Poucas lembranças concretas, às vezes até parece sonho. Sei que não é. Ainda posso sentir o calafrio daquela noite e a pedra esverdeada - seria um quartzo verde?- me acompanha. Ainda não virou um colar, como havia prometido, mas um dia virará. E eu voltarei só para mostrar-te como fui grata por esse encontro.






''esse lobo nunca mais vai uivar...''

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